Chernobil, Fukushima: NÃO À ENERGIA NUCLEAR EM TODO O MUNDO!

A tragédia do Japão despertou a solidariedade de todo o mundo pela perda de
milhares de vidas humanas e de vastas regiões e cidades daquele país devido ao
terramoto de grau 9 e ao posterior tsunami que arrasou com partes
significativas do território japonês. As redes, organizações [1] e pessoas abaixo
assinadas querem exprimir em primeiro lugar as suas mais profundas
condolências ao povo japonês e dar a conhecer a sua dor partilhada e
solidariedade pela emergência humanitária provocada por este desastre.

Ao mesmo tempo é altamente preocupante o impacto que o desastre natural causou
na central nuclear de Fukushima, provocando explosões, o que levou a uma
situação de grave risco por causa da libertação de material radioactivo,
situação que pode piorar se os elementos do núcleo desta instalação se
fusionam por sobreaquecimento. Também estão em perigo outras duas instalações
nucleares em situação de risco em Onagawa e Tokai. O governo japonês viu-se
obrigado a apagar pelo menos 11 centrais nucleares com o objectivo de prevenir
mais desastres, o que deixou mais de 6 milhões de pessoas sem abastecimento de
electricidade. 200.000 pessoas já foram evacuadas para prevenir uma possível
exposição aos efeitos nocivos de um acidente nuclear e já se estão a tomar
medidas de saúde pública com a população exposta.

Esta trágica situação alerta-nos UMA VEZ MAIS sobre o enorme perigo que
significam as instalações nucleares para a sobrevivência e segurança do
planeta e recordam-nos a resistência de activistas japoneses que há 40 anos se
negaram à construção destas instalações. Hoje o mundo está a mudar, não só
pelos riscos de desastres naturais mas também pelos riscos a que estamos
sujeitos pelos impactos da mudança climática que produziu grandes inundações,
deslizamentos e alterações severas na habitabilidade do planeta, como as
derrocadas no Rio de Janeiro que há pouco tempo ameaçaram centrais nucleares
instaladas na zona que tiveram de ser paradas até que a situação se
estabilize. Esta vulnerabilidade global deve ser considerada adicionalmente,
mas sobretudo devemos ser conscientes de que a tecnologia e o dinheiro não
salvarão vidas uma vez que as tragédias se produzem.

A crise climática e a necessidade de energia deram lugar a que sobretudo as
grandes corporações e os países desenvolvidos falem da energia nuclear como
energia alternativa limpa e sustentável. Os próprios projectos do Banco
Mundial sobre energia consideram-na como uma importante possibilidade assim
como as grandes hidroeléctricas. Cada vez se torna mais claro que estas são
falsas soluções que só aumentam o perigo e a vulnerabilidade da humanidade
face às mudanças globais.

Está-se a propor a energia nuclear como uma fonte de energia alternativa e
«limpa» nas negociações de mudança climática, mas está demonstrado que pode
ficar fora de controlo tanto técnico como humano e afectar milhões de pessoas
e em particular as próximas gerações pelo seu potencial efeito nocivo sobre a
vida. Os Fóruns Multilaterais como o Processo Rio+20, o processo da Convenção
do Clima, os fóruns relacionados com energia alternativa e outros devem
considerar muito seriamente o uso da energia nuclear pela sua perigosidade.

Pedimos também aos governos que escutem as vozes da sociedade civil de todo o
mundo que manifestou a sua oposição às falsas soluções, que escutem os seus
povos.

Exigimos que os governos se concentrem em garantir a sobrevivência, o direito
à habitabilidade, o direito à saúde e à soberania alimentar de milhões de
pessoas no mundo, em vez de debilitar as condições no planeta cumprindo
mandatos do capital.

Exigimos e reclamamos em todo o mundo que se proceda ao desmantelamento das
centrais nucleares, que se procurem verdadeiras soluções para os povos e que
no caminho se apliquem todas as precauções para evitar danos que tenhamos que
lamentar. Chernobil, Fukushima são alertas que devem obrigar os governos a
deixar de insistir em continuar a promover estes projectos. A energia nuclear
para abastecimento de energia e ainda mais com fins bélicos deve parar.

Os negócios não nos interessam, o que nos interessa é a vida e a segurança da
população, e não aumentar a sua vulnerabilidade.

CHERNOBIL E FUKUSHIMA SÃO SUFICIENTES!

NÃO À ENERGIA NUCLEAR!

[1] Redes – Amigos de La Tierra – Uruguay
Fundación Solon – Bolivia
Ecologistas en Acción – España
GAIA – Portugal
Blue Planet Project – Canadá
TWN (La Red Del Tercer Mundo) –
FoEM Friends of The Earth – Malaysia
Consumers Association of Penang, Malasia
Plataforma Boliviana Frente al Cambio Climatico
Colectivo Vientosur – Chile
Hijos del Monte, Frente Nacional Campesino – Argentina
FOCO – Foro Ciudadano de Participación por la Justicia y los Derechos Humanos – Argentina
FEDAEPS – Ecuador
MOCICC (Movimiento Ciudadano Frente al Cambio Climático) – Perú
COMDA (Coalición de Organizaciones Mexicanas por el Derecho al Agua)
FOCUS ON THE GLOBAL SOUTH
ALIANZA SOCIAL CONTINENTAL
SEEN PROJECT- IPS – USA
Fundacion Ecosur –Argentina
Fundacion Terram – Chile
Asamblea Ciudadana por la Vida de Chilecito, La Rioja -Argentina
Coordinadora por la defensa del agua y la vida. Provincia de El Loa
Asociación Colectivo Poder y Desarrollo Local – Guatemala
Asociación Vidas Verdes – Perú
Greenpeace – México
Greenpeace – Argentina
Jubileo Sur
Accion Ecologica
OILWATCH – SUDAMERICA
OTROS MUNDOS A.C. – Amig@s de la Tierra México
Federacion Unidad Ecologica Salvadoreña (UNES) EL Salvador
Red De Ambientalistas En Accion – El Salvador
PACJA – Africa
GRAIN
CEUTA (Centro Uruguayo de Tecnologías Apropiadas)
MMM (MARCHA MUNDIAL DE MUJERES)
REMTE – Ecuador
WOMEN COLECTIVE
ANAMPER- Chiclayo – México
CNMSPP “Micaela Bastidas” Chiclayo – México
Women for Peace in Finland, Helsinki
Women Against Nuclear Power, Finland, Helsinki
Friends of the Siberian Forests, Russia
Bureau for Regional Outreach Campaigns – BROC, Vladivostok – Rusia
Space Allies, Japan
Marcha Mundial de las Mujeres de Perú
Red Latinoamericana Mujeres Transformando la Economía -REMTE Perú
REMTE – Bolivia
Indian Social Action Forum (INSAF)
Centro Latino Americano de Ecología Social- CLAES
Grassroots Global Justice Alliance
Chile Sustentable